O Sesc RJ apresenta a exposição “Insurgências Indígenas: Arte, Memória e Resistência”, um projeto que celebra a produção artística e a resistência dos povos originários do Brasil. 233973

Exclusivamente pensada para o Centro Cultural Sesc Quitandinha, em Petrópolis (RJ), a exposição tem curadoria da antropóloga e ativista indígena Sandra Benites, em parceria com o curador Marcelo Campos.

A mostra será inaugurada em etapas, em um formato inovador, que propiciará ao público acompanhar o desenvolvimento de algumas obras. Além disso, contará com um espaço para conversas chamado Tata Ypy, uma referência à prática cultural ancestral de reunião ao redor do fogo. Cada ação contará com artistas, pesquisadores e lideranças indígenas de diversas regiões e etnias.

Insurgências Indígenas – Arte, Memória e Resistência
Centro Cultural Sesc Quitandinha
Terça a domingo e feriados, das 10h às 16h30
Entrada gratuita

TATA YPY – O FOGO QUE NOS UNE

Inspirada nas rodas de fogueira indígenas, a exposição propõe um espaço de encontro, escuta e resistência. Tata Ypy (origem do fogo, em Guarani) simboliza o calor das histórias ancestrais, das lutas contemporâneas e da arte como ferramenta de transformação.

“É nas fogueiras que há compartilhamento e diálogo aquecido pela força e afeto. É o lugar de encontro de uma comunidade, um lugar de debate, tomadas de decisões, recontar nossas histórias e acordar memórias.” – Sandra Benites, antropóloga, ativista indígena e curadora.

Acompanhe as Tata Ype ao vivo no youtube do Sesc RJ.

24/05 - TATA YPY - KYRE'YMBA - CRIATIVIDADE | INTERATIVIDADE

Inventividade e resistência, traz as mulheres indígenas na luta por uma resistência profunda e poderosa. Em cada canto da floresta, nas aldeias, nas cidades, nas universidades, nas assembleias e nas ruas, elas se fazem presente com agilidade e inventividade — duas qualidades essenciais para sobreviver e transformar realidades em um país que insiste em apagar suas vozes.

Convidados:

  • Cacica Lutana Kokama, Cacica-Geral do Parque das Tribos/Manaus-AM
  • Vanda Witoto, diretora da Casa de Conhecimento Ancestral Jofo Nimairama e Instituto Witoto
  • Cacica Iracema Gãh Té Kaigang, liderança da Ocupação Indígena Kaingang Gãh Ré/Porto Alegre-RS
  • Cacica Kerexu Takua, fundadora do Centro de Referência Indígena Afro do Rio Grande do Sul/Porto Alegre/RS

Mediação: Sandra Benites

07/06 - TATA YPY - TEKO-TEKOA - TERRITÓRIO | MODOS DE VIDA

Luta pela terra e luta pela vida firmamos os pés nessa terra-território. Seja nas terras indígenas demarcadas, seja nos territórios urbanos onde muitos vivem hoje, a luta é manter viva as culturas, a força dos ancestrais. A cidade tenta, mas não apaga a identidade; ela só muda o espaço da resistência. A terra é mãe, é origem, é força que sustenta o modo de viver de diversos povos indígenas no Brasil. E o território, seja nas florestas ou nas cidades, é onde as culturas indígenas respiram, onde a luta acontece todos os dias.

09/08 - TATA YPY - MEMÓRIA-FUTURO

Nos projeta com os pés firmes na reflexão sobre arte, tempo e ação no fazer a insurgência de um novo tempo. Os artistas indígenas criam a partir das memórias vivas dos seus povos — dos cantos, dos traços no corpo, das histórias contadas pelos mais velhos, dos sonhos ou dos sons dos maracás.

ALICERCE: A TERRA É O CORPO DE TODOS NÓS

A obra Alicerce, do artista indígena Andrei Zignnatto, do povo Dofurêm Guaianá, que simboliza a resistência contra a colonização.

A instalação consiste em um labirinto de paredes de concreto — representando a modernidade e o progresso urbano — apoiado sobre vasos cerâmicos com grafismos indígenas, invertendo a lógica colonial e questionando os alicerces de um país construído sobre a marginalização dos saberes indígenas, o que o artista chama de “grilagem intelectual”.

A obra evoca a terra como um corpo feminino, fundamento espiritual, e desafia a narrativa dominante ao mostrar que os espíritos ancestrais estão sob o concreto, numa disputa pelo direito à terra e pela memória. Alicerce reflete a tensão entre ancestralidade e vida urbana, propondo uma reconstrução da história a partir da resistência indígena, onde o barro sustenta o peso do concreto, simbolicamente desafiando as estruturas opressoras.

Nascido em Jundiaí (SP), descendente de povos Tupinaky’ia e Gûarini, Andrey é reconhecido por trabalhos que fazem referência ao universo do labor. Neto de pedreiro, do qual foi ajudante quando criança, Andrey utiliza em suas obras materiais como sacos de cimento, tijolos, juntas de argamassa e fragmentos e sobras de intervenções urbanas. Sua intenção é provocar uma reflexão sobre a relação instável e dinâmica que o ser humano estabelece com o meio que o cerca.

ARTISTAS-CONSTRUTORES

O público poderá acompanhar o processo de criação dos trabalhos, que envolverá instalações, pinturas e ilustrações. As obras serão criadas por artistas e coletivos de Amazonas, Mato Grosso do Sul, Pará, Pernambuco, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, dos povos Desana, Baniwa, Anambé, Guarani Nhandeva, Xavante, Guarani, Mbya e Karapotó.

ASSOCIAÇÃO DE ARTESÃOS DE NOVO AIRÃO - AANA (AM)

Povo: Desana, Baniwa

Tapetes de tupé tecidos em fibra de arumã pelas artistas feitos de arumã.

BONECAS ANAMBÉ (PA)

Povo: Anambé

Personagens indígenas participantes do projeto serão inspiração para produção de uma instalação com bonecas tecidas pelas artistas Luakã Anambé e Lia Anambé.

EDSON AMAURÍLIO NHANDEVA (SC)

Povo: Guarani Nhandeva

Multimídia interativa em línguas indígenas distribuídas por troncos linguísticos no Brasil através de telas de touchscreen em kinect para imersão e interatividade.

MICHELLE FERNANDES (MS)

Povo: Guarani Kaiowá

Uma Casa de Milho instalada pela artista Michele Fernandes, do Grupo de Mulheres Guarani Kaiowá trazendo a o circuito do milho e cuidado por meio do trabalho de mulheres do povo Guarani Kaiowá no Mato Grosso do Sul.

TSAMIÊ (MS)

Povo: Xavante

Série de ilustrações de grandes personagens indígenas como Galdino Pataxó, Tuiré Kayapó, Mário Juruna no Brasil em histórias em quadrinhos (HQ).

XADALU TUPÃ JEKUPÉ (RS)

Povo: Guarani Mbya

Uma tela retratando a presença e resistência de uma mulher indígena Mbya Guarani que ocupa o centro da cidade de Porto Alegre firmando lugar nas camadas de memórias sob os pés da contemporaneidade. Na participação falaria sobre tempo, espaço e memória.

ZIEL KAROPOTÓ (PE)

Povo: Karapotó

Uma instalação em rede, maracás e projéteis de aço formam o entrelaçamento de pontos de vivência do que é ser indígena hoje no Brasil.

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